quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Ranking das melhores e PIORES empresas americanas com relação ao Meio Ambiente
Postado por olhonasempresas às 14:05 0 comentários
Marcadores: Contaminação Ambiental, Estados Unidos, Ranking
Carrefour racismo, tortura e violação de Direitos Humanos
A direção do Supermercado, questionada pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP, afirma que tudo não passou de uma briga entre clientes.
O caso aconteceu na sexta-feira (07/08) e está registrado no 5º DP de Osasco. O Boletim de Ocorrência - 4590 - assinado pelo delegado de plantão Arlindo Rodrigues Cardoso, porém, não revela tudo o que aconteceu entre as 22h22 de sexta e as 02h34 de sábado, quando Santana - um baiano há 10 anos em São Paulo e que trabalha como Segurança na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, há oito anos - chegou a Delegacia, depois de ser atendido no Hospital Universitário da USP com o rosto bastante machucado, os dentes quebrados.
Ainda com fortes dores de cabeça e no ouvido e sangrando pelo nariz, ele procurou a Afropress, junto com a mulher - a também funcionária do Museu de Arte Contemporânea da USP, Maria dos Remédios do Nascimento Santana, 41 anos - para falar sobre as cenas de terror e medo que viveu. "Eu pensava que eles iam me matar. Eu só dizia: Meu Deus".
Santana disse pode reconhecer os agressores e também pelo menos um dos policiais militares que atendeu a ocorrência - um PM de sobrenome Pina. "Você tem cara de que tem pelo menos três passagens. Pode falar. Não nega. Confessa, que não tem problema", teria comentado Pina, assim que chegou para atender a ocorrência, quando Santana relatou que estava sendo vítima de um mal entendido.
Depois de colocar em dúvida a sua versão de que era o dono do próprio carro, a Polícia o deixou no estacionamento com a família sem prestar socorro, recomendando que, se quisesse, procurasse a Delegacia para prestar queixa.
.
"Cheguei, estacionei e, como minha filha de dois anos, dormia no banco de trás, combinei com minha mulher, minha irmã e cunhado, que ficaria enquanto eles faziam compra. Logo em seguida notei movimentação estranha, e vi dois homens saindo depressa, enquanto o alarme de uma moto disparava, e o dono chegava, preocupado. Cheguei a comentar com ele: "acho que queriam levar sua moto". Dito isso, continuei, mas já fora do carro, porque notei movimentação estranha de vários homens, que passaram a rodear, alguns com moto. Achei que eram bandidos que queriam levar a moto de qualquer jeito e passei a prestar a atenção", relata.
À certa altura, um desses homens - que depois viria a identificar como segurança - se aproximou e sacou a arma. Foi o instinto e o treinamento de segurança, acrescenta, que o fez se proteger atrás de uma pilastra para não ser atingido e, em seguida, sair correndo em zigue-zague, já dentro do supermercado. "Eu não sabia, se era Polícia ou um bandido querendo me acertar", contou.
Os dois entraram em luta corporal, enquanto as pessoas assustadas buscavam a saída. "Na minha mente, falei: meu Deus. Vou morrer agora. Eu vi essa cena várias vezes. E pedia a Deus que ele gritasse Polícia ou dissesse é um assalto. Ele não desistia de me perseguir. Nós caímos no chão, ele com um revólver cano longo. Meu medo era perder a mão dele e ele me acertar.
Enquanto isso, a mulher, a irmã, Luzia, o cunhado José Carlos, e o filho Samuel de cinco anos, faziam compras sem nada saber. "Diziam que era uma assalto", acrescenta Maria dos Remédios.
A certa altura Januário disse ter ouvido alguém anunciar: a Polícia chegou, sendo informada de que o caso era de um negro que tentava roubar um EcoSport. "Eles disseram que eu estava roubando o meu carro. E eu dizia: o carro é meu. Deram risada."
Foi depois disso que conseguiu que fosse levado pelos policiais até o carro e encontrou a filha Ester, de dois anos, ainda dormindo e a mulher, a irmã e o filho, atraídos pela confusão e pelos boatos de que a loja estava sendo assaltada. "Acho que pela dor, ele se deitou no chão. Estava muito machucado, isso tudo na frente do meu filho", conta Maria dos Remédios.
Sem socorro
Em choque e sentindo muitas dores, o funcionário da USP conseguiu se levantar e dirigir até o Hospital Universitário onde chegou com cortes profundos na boca e no nariz. "Estou sangrando até hoje. Quando bate frio, dói. Tenho medo de ficar com seqüelas", afirmou.
A mulher disse que o EcoSport, que está sendo pago em 72 parcelas de R$ 789,00, vem sendo fonte de problemas para a família desde que foi comprado há dois anos. "Toda vez que ele sai a Polícia vem atrás de mim. Esse carro é seu? Até no serviço a Polícia já me abordaram. Meu Deus, é porque ele é preto que não pode ter um carro EcoSport?", se pergunta.
Ainda desorientado, Santana disse que tem medo. "Eu estou com vários traumas. Se tem alguém atrás de mim, eu paro. Como se estivesse sendo perseguido. Durante a noite toda a hora acordo com pesadelo. Como é que não fazem com pessoas que fizeram alguma coisa. Acho que eles matam a pessoa batendo", concluiu.
Fonte: Afropress
Postado por olhonasempresas às 13:45 0 comentários
Marcadores: Carrefour, Direitos Humanos, Segurança, Supermercados
Empreendimento de mineração da Bunge é parado na justiça
Baseando-se no princípio da precaução, a juíza federal Marjôrie Freiberger Ribeiro da Silva proibiu o órgão ambiental, a Fatma, de autorizar o corte de Mata Atlântica até que seja dada a sentença final da mesma ação civil pública que pede a suspensão total da instalação da mineradora na região.
De acordo com Jorge Albuquerque, da ONG Montanha Viva, a suspensão dos projetos de liberação para construção da mineradora representa um grande passo da organização popular.
“Isso foi uma grande conquista. Hoje os movimentos que se juntaram a nós é um grupo grande, bem organizado e poderoso. Continuaremos lutando porque é inaceitável um projeto desses. Como que essas empresas vão construir uma barragem de oitenta metros construída com terra batida e rejeitos em um rio onde mais de duzentas mil pessoas sobrevivem em sua margem? Isso compromete a vida de todos”, diz.
Criada em parceria entre as multinacionais Yara Brasil e Bunge Fertilizantes, a mineradora já é proprietária de 1.760 hectares em Anitápolis (SC), única região no Sul do Brasil que possui fosfato. Para a extração e processamento do minério, as empresas projetam o desmatamento de mais de 300 hectares de Mata Atlântica.
Jorge ainda explica que as mobilizações continuam em forma de assembléias e elaboração de novos estudos na região. Segundo ele, a empresa deve recorrer à ação judicial nos próximos dias.
Postado por olhonasempresas às 13:39 0 comentários
Marcadores: Bunge, Desmatamento, IFC, Mineração, Yara Brasil Fertilizantes
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos e não há debate público sobre isto!
No início do ano a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária - pretendia fazer a reavaliação técnica de nove agrotóxicos liberados para a comercialização no país. Este é um procedimento de praxe, os produtos são liberados inicialmente com os principais dados sendo fornecidos pelas próprias empresas e a reavaliação é feita pelos técnicos da ANVISA com base em padrões internacionais e estudos de órgãos independentes, inclusive de outros países. No entanto uma ação judicial por parte do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG), associação que reúne as empresas deste setor, impediu que a agência realizasse o processo. Esta ação não teve nenhuma justificativa razoável do ponto de vista científico ou legal, representou apenas as empresas do setor defendendo seus interesses em detrimento da segurança e saúde da população e do meio ambiente.
Vou falar das conseqüências para você que mora na cidade, da adoção do modelo agrícola do agronegócio. O agronegócio é a produção de larga escala, em monocultivo, empregando muito agrotóxicos e máquinas. Usam venenos para eliminar as outras plantas e não contratar mão de obra. Com isso, destroem a biodiversidade, alteram o clima e expulsam cada vez mais famílias de trabalhadores do interior.
Na safra passada, as empresas transnacionais, e são poucas (Basf, Bayer,Monsanto, Du Pont, Sygenta, Bungue, Shell química...), comemoraram que oBrasil se transformou no maior consumidor mundial de venenos agrícolas.
Foram despejados 713 milhões de toneladas! Média de 3.700 quilos por pessoa. Esses venenos são de origem química e permanecem na natureza. Degradam o solo. Contaminam a água. E, sobretudo, se acumulam nos alimentos.
As lavouras que mais usam venenos são: cana, soja, arroz, milho, fumo, tomate, batata, uva, moranguinho e hortaliças. Tudo isso deixará resíduospara seu estômago. E no seu organismo afetam as células e algum dia podem se transformar em câncer.
Perguntem aos cientistas aí do Instituto Nacional do Câncer, referência depesquisa nacional, qual é a principal origem do câncer, depois do tabaco? AAnvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) denunciou que existem nomercado mais de vinte produtos agrícolas não recomendáveis para a saúdehumana. Mas ninguém avisa no rótulo, nem retira da prateleira.
Antigamente, era permitido ter na soja e no óleo de soja apenas 0,2 mg/kg de resíduo do veneno glifosato, para não afetar a saúde. De repente, a Anvisa autorizou os produtos derivados de soja terem até 10,0 mg/kg de glifosato, 50 vezes mais. Isso aconteceu certamente por pressão da Monsanto, pois o resíduo de glifosato aumentou com a soja transgênica, de sua propriedade.
Há muitos outros exemplos de suas conseqüências. O doutor Vanderley Pignati, pesquisador da UFMT, revelou em suas pesquisas que nos municípios que têm grande produção de soja e uso intensivo de venenos os índices de abortos e má formação de fetos são quatro vezes maiores do que a média do estado.
Nós temos defendido que é preciso valorizar a agricultura familiar, camponesa, que é a única que pode produzir sem venenos e de maneiradiversificada. O agronegócio, para ter escala e grandes lucros, só consegue produzir com venenos e expulsando os trabalhadores para a cidade.
E você paga a conta, com o aumento do êxodo rural, das favelas e com o aumento da incidência de venenos em seu alimento.
Por isso, defender a agricultura familiar e a reforma agrária, que é uma forma de produzir alimentos sadios, é uma questão nacional, de toda sociedade.
Não é mais um problema apenas dos sem-terra. E é por isso que cada vez que o MST e a Via Campesina se mobilizam contra o agronegócio, as empresas transnacionais, seus veículos de comunicação e seus parlamentares, nos atacam tanto.
Porque estão em disputa dois modelos de produção. Está em disputa a que interesses deve atender a produção agrícola: apenas o lucro ou a saúde e o bem-estar da população? Os ricos sabem disso e tratam de consumir apenas produtos orgânicos.
E você precisa se decidir. De que lado você está?
João Pedro Stédile é economista e integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Postado por olhonasempresas às 12:08 0 comentários
Marcadores: Agronegócio, Agrotóxicos, Arysta, Basf, Bayer, Dow, Dupont, FMC, Milenia, Monsanto, Syngenta
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Engevix não cumpre acordo com indígenas
Postado por olhonasempresas às 11:19 0 comentários
Marcadores: Energia Elétrica, Engevix, Fraude, Povos Indígenas
domingo, 20 de setembro de 2009
Sobram críticas no Parlamento holandês para a RTRS
Alguns sugeriram que a redução do desmatamento, se um resultado provado da soja “responsável”, poderia ser remunerada com créditos de carbono. Isto, de acordo com a União Cristã, deveria ser uma maneira especifica para apoiar os pequenos produtores.
sábado, 19 de setembro de 2009
Odebrecht e a compra de veículos "roubados" em Angola
by Rob Rose, Times South Africa
September 17th, 2009
Business Times has affidavits filed by JSE-listed transport company Super Group that accuse relatives of Dos Santos’ political elite of conning it out of 33.1m.
This compounds fraud experienced by companies such as Group 5 in Angola, and leaves a question mark over whether they should be seduced by promises of Angolan profit, if contracts can’t be honoured.
In Super Group’s case, the son of General Helder Vieira Dias (known as Kopelipa), head of Angolan counterintelligence and military advisor to Dos Santos, has been named as the mastermind of a plot to steal 448 vehicles, worth north of R250-million.
Super Group has laid charges with the police and has met with Interpol to get an international arrest warrant issued for Kopelipa’s son, Kopelipa Vieira Dias Jr, and his business partner Pedro Spinola.
This stems from a July 2007 deal for Super Group to sell trucks to Angola’s government through Luanda-based Imporchoice. Kopelipa Jr was chief executive of Imporchoice, while Spinola got a 24% commission for brokering the deal.
While Super Group was initially paid for delivering 30 trucks, it wasn’t so lucky when it delivered another 350 by boat from China, supposedly for General Kopelipa’s “National Reconstruction Office”. Another 98 vehicles arrived later by land.
In an affidavit to police, Super Group’s directors say Kopelipa Jr and Spinola spun a “web of lies and broken promises” to “steal” vehicles. This left Super Group out of pocket to the tune of 33.1-million.
The affidavit also details how documents were forged. On November 7, Kopelipa Jr admitted he owed the money and e-mailed from his holiday home in Portugal saying he was ‘‘sending the first of several payments”. He attached a bank transfer document supposedly confirming that 5.4-million had been wired to Super Group. But this turned out to be a crude forgery.
One Super Group director told Business Times: “We realised this document wasn’t legitimate, partly because it was dated November 31st, and November in fact has only 30 days”.
After a row, Kopelipa Jr washed his hands of the mess on November 21 by selling Imporchoice to Spinola.
In his statement, Super Group’s former CEO Larry Lipschitz says there is proof that Imporchoice was paid 8,7-million for vehicles by Brazilian firm Odebrecht. Yet Super Group didn’t see a cent. “Neither Kopelipa Jr, Spinola or Imporchoice intended to pay (us),” he says.
However, Spinola denies ‘‘robbing” Super Group. He says Super Group lied to ‘‘cover their tracks” and detract attention from its other financial problems.
“Trucks were delivered to Angola by Super Group, but the wrong trucks were delivered. We wanted Power Star trucks, but the trucks they delivered were of inferior quality. The clients were prepared to take the trucks as long as modifications were made, but this wasn’t done,” he says.
He says payment was then stopped.
Spinola says no trucks were stolen. ‘‘Some were delivered to clients with Super Group’s permission, but they weren’t swindled out of any money,” he says
Spinola says Kopelipa Jr had to pull out of the deal “ because of the person he is and the family he belongs to”. When contacted, Kopelipa Jr said: ‘‘I’ve got nothing else to say about this.”
However, the Specialised Services Group, which investigated the case for Super Group, says it has confirmed that there is already an outstanding warrant of arrest for Spinola in SA dating back to June 2007 over another deal he struck.
To get its cash back, Super Group tried to get political help. This week, it sent a letter to Zuma’s office asking for assistance because its “catastrophic” venture “creates a major impediment for other South African businesses in Angola”.
Yet trade minister Rob Davies, who was in Angola with Zuma, told Business Times that he had “not been informed of any situation where people have lost investments” in Angola. “We believe the Angolan government has significant regulations in place now for South Africans to have investment security,” he said.
In December, Lipschitz wrote to Angola’s justice minister Dr Guilhermina Prata, calling for a probe and saying: “We gave permission for authorities to prosecute Spinola and Kopelipa Jr.”
But Prata is understood to be Kopelipa Jr’s mother-in-law, and Super Group could not find Angolan lawyers to represent it.
The Angolan fraud almost triggered Super Group’s collapse. On December 12, it announced a R197-million impairment for the Angolan fraud and ‘‘revised” its profit for the year to June down 82% — sparking a 22% plunge in its share price.
This prompted ratings agency Fitch to slash Super Group’s credit rating to “junk bond” status five days later, which gave its bankers the option to callup overdraft facilities with only 24 hours’ notice.
Now, Super Group needs a R1-billion cash injection to stay afloat, and is weighing up two alternative rescue bids: either from its bankers and shareholders, or a white knight in Kuwaiti company Agility.
But Super Group’s disaster in Angola is also partly of its own making.
Two former executives — Les Johnston and Warren Thompson — have been blamed for “misleading the board” by saying no trucks would be offloaded in Luanda until cash had been paid. Both are now believed to be in Mauritius.
Construction firm Group 5 lost more than R10-million to fraud in 2005, when it found ‘‘irregularities” in the R820-million Nova Vida housing project it had built in Luanda. It has closed its Angolan building arm, but retains an engineering team.
"It was very difficult to operate in Angola from a compliance and regulatory perspective,” says Group 5 financial director Cristina Teixeira.
One South African businessman, who was part of Zuma’s delegation, says: “Everyone you deal with in government wants something in return.” Another says: ‘‘If you take your eye off the ball for 13 seconds, it’s 12 seconds too long.” — Additional reporting by Paddy Harper
Postado por olhonasempresas às 06:21 0 comentários
Marcadores: Construção Civil, Fraude, Odebrecht
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Grupo Votorantim e o trabalho escravo na cadeia produtiva
O MPT resgatou os trabalhadores em condição semelhante à de escravidão nas obras da Usina Salto do Rio Verdinho, no interior de GO. A obra faz parte do PAC.
08/09/2009 - Ana Maria Amorim, da Radioagência NP
O Ministério Público do Trabalho, através de seus fiscais, resgatou 98 trabalhadores em condição semelhante à de escravidão nas obras da Usina Salto do Rio Verdinho, no interior de Goiás. Sob a responsabilidade da Votorantim Energia, a construção faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que tem financiamento de R$ 250 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os trabalhadores foram privados de camas e banheiros e não recebiam salários – o trabalho era trocado por comida. Eles trabalhavam para uma empresa terceirizada, a Construtora Lima e Cerávolo, responsável pelo desmate da área da usina. O coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Neto, falou sobre a responsabilidade da Votorantim no caso.
“A Votorantim contratou a empresa, então deve ter todas as informações referentes a esta empresa. Se a empresa fere as leis trabalhistas e a dignidade humana, a Votorantim tem que estar ciente disto e fiscalizar, senão a Votorantim se omite e vira cúmplice deste fato.”
Para José Neto, o caso serve para desmistificar a ideia de que o uso de trabalho escravo não acontece em construções.
“Tem que se descaracterizar que só a cana e plantações de monocultura têm trabalho escravo. Ele existe em outras situações, sempre ligado a grandes produtores ou grandes empresas, como neste caso da Votorantim.”
Após a denúncia, a Votorantim pagou as dívidas que possuía com os trabalhadores, que somou um total de R$ 420 mil. Os trabalhadores também foram transportados para as suas cidades de origem. O contrato com a empresa Construtora Lima e Cerávolo foi cancelado.
FONTE: Brasil de Fato
O lado azedo do seu doce suco de laranja
12/09/2009 - Sakamoto
É aquela velha história, a gente toma o nosso suquinho de manhã, muitas vezes como naquelas famílias de comercial de margarina, sem nos preocupar com as dores que levaram o produto até a mesa. Esse tipo de decisão aproxima o consumidor de marcas conhecidas, fazendo com que ele possa tomar decisões importantes na hora de comprar.
O Grupo Votorantim controla a Citrovita, detendo 20% do mercado global de suco concentrado de laranja e destacando-se como um dos três maiores produtores mundiais do setor. Exporta 100% da produção para mais de 75 países nos cinco continentes.
A fazenda havia sido multada pelo Ministério do Trabalho e Emprego por não fornecer equipamentos de segurança na colheita. Segundo o site do TRT-15, a relatora, desembargadora Mariane Khayat, afirmou que existe clara evidência de que a indústria não é mera compradora das frutas. Reforça que as grandes empresas de suco são as que diretamente se beneficiam da mão-de-obra dos empregados rurais, em especial dos colhedores de laranja, “o que torna sua responsabilidade pela saúde do trabalhador moralmente incontestável e juridicamente inafastável, de acordo com o princípio da boa-fé objetiva”. Para a desembargadora, é “fato notório, de repercussão nacional, que as empresas de suco na região do cultivo da laranja, historicamente, não pouparam esforços em tentar eximir-se das responsabilidades trabalhistas decorrentes da sua atividade econômica”.
De acordo com ela, a responsabilidade pelo cumprimento das normas de saúde e segurança no trabalho não cabe apenas ao empregador, mas também ao beneficiário final daquela força de trabalho, “o qual, ao fim e ao cabo, se apropria da energia produtiva do trabalhador”.
A empresa agia diretamente na produção, determinando a quantidade de frutas que deveria ser colhida, a hora e o local da colheita, além da maneira como o trabalho deveria ser feito. Por isso, segundo ela, não é necessário que haja uma carteira de trabalho assinada entre a Citrovita e os colhedores de laranja para provar um vínculo. Na prática, ela é responsável sim pela vida daquelas pessoas, pois são “como um elo mais do que necessário ao seu sucesso empresarial”.
O mesmo já aconteceu nos elos entre trabalhadores de carvoarias e usinas siderúrgicas, entre outros setores. O interessante é ver isso confirmado aqui em São Paulo, orgulho do agronegócio nacional.
Em 2007, a Citrovita produziu 90 milhões de caixas de laranja, o que corresponde a 330 mil toneladas de suco. Todos os ativos produtivos localizam-se no Estado de São Paulo.Segundo a própria empresa, ela está presente em todas as etapas da produção, desde a formação das mudas nos viveiros até a exportação do suco a granel em navios especialmente equipados para isso.
Se isso – o entendimento de que a empresa na ponta da cadeia deve ser responsabilizada legalmente por conta do sofrimento de trabalhadores na outra ponta – fosse estendido para outras cadeias produtivas, sobraria pouca gente para contar história.
FONTE: Blog do Sakamoto
Postado por olhonasempresas às 10:55 0 comentários
Marcadores: Alimentos, Citrovita, Construção Civil, Trabalho Escravo, Votorantim
Telefonica e falsas promessas
Postado por olhonasempresas às 10:34 0 comentários
Marcadores: corrupção, Improbidade administrativa, Telecom, Telefonica
domingo, 6 de setembro de 2009
Eternit e a fraude em estudos sobre Amianto
Atualizado em 29 de agosto de 2009 às 21:59 Publicado em 25 de agosto de 2009 às 10:40
por Conceição Lemes
Em setembro de 2008, as revistas Veja, Época e IstoÉ veicularam o informe publicitário “Amianto brasileiro reage às pressões internacionais”. Anunciante, o Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC), instituição que patrocina e promove o lobby da indústria do amianto; é seu principal porta-voz.
* O médico Michel Camus, do Ministério da Saúde do Canadá e professor da University of Montreal.
* O médico Nestor Müller, professor do Departamento de Radiologia da University of of British Columbia (UBC).
Asbesto é sinônimo de amianto. Esse projeto foi apresentado a várias platéias e instituições. Entre elas, a Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa (CAPPesq) da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Os autores são os médicos Mário Terra Filho, Ericson Bagatin e Luiz Eduardo Nery, respectivamente, professores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Na reportagem Médicos disseram que Manoel estava bem de saúde. Mas ele tinha câncer no pulmão, publicada em 14 de julho de 2008, o Viomundo denunciou que:
1) A indústria brasileira do amianto, por intermédio do IBC, financiou e financia boa parte das pesquisas do amianto dos médicos Mário Terra Filho, Ericson Bagatin e Luiz Eduardo Nery. É deles o estudo, iniciado em 1996 e divulgado em 2000, que concluiu que nenhum trabalhador brasileiro que começou a trabalhar com amianto após 1980 adoeceu. O que não é verdade.
2) Terra, Bagatin e Nery omitiram no projeto “Asbesto Ambiental” que boa parte dele seria financiada pelo IBC. O orçamento previsto inicialmente era de 4 milhões de reais. Foi revelado à Comissão de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da USP apenas 1 milhão de reais do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq). Eles também não repassaram essa informação aos órgãos de fomento à pesquisa científica do País, como já haviam feito no estudo anterior.
3) Questionados por esta repórter, patrocinador (IBC) e patrocinados (Mário Terra Filho, coordenador principal) deram valores discrepantes sobre os custos da pesquisa. Após vaivéns, o IBC informou: “Valor total: R$ 2.562.275,00. CNPq: R$ 1.000.000,00. Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás: R$ 500.000,00. IBC: R$ 1.062.275,00”. 4) Mário Terra Filho, Ericson Bagatin e Luiz Eduardo Nery são os mesmos médicos que, por meio de empresa privada que mantêm em sociedade, participam das Juntas Médicas de Acordos Extrajudiciais com fins de indenização das vítimas pelos danos provocados pela exposição ao amianto.
5) Desse modo, Terra, Bagatin e Nery:
1) realizam pesquisa sobre o amianto, utilizando suas credenciais acadêmicas;
2) fazem diagnóstico de ex-empregados do setor como consultores privados das empresas Eternit e suas subsidiárias, Sama e Precon, em sua clínica particular;
3) interferem no valor das indenizações, já que, em função dessa atividade profissional privada, indicam o grau de incapacidade e a classe correspondente no referido Acordo Extrajudicial;
4) deixam de registrar os casos confirmados ou suspeitos de doenças relacionadas ao amianto junto à Previdência Social e ao Ministério da Saúde.
6) Demonstram conflito flagrante de interesse tanto na relação médico-paciente quanto na realização de suas pesquisas sobre amianto. Ferem a resolução 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). A Conep é uma comissão do Conselho Nacional de Saúde. Seu princípio maior é o controle social, a defesa da sociedade.
Em agosto de 2008, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), por solicitação da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto – a Abrea –, instaurou sindicância, para apurar essas graves denúncias.
CANADÁ: ESCÂNDALO, INDIGAÇÃO E COLEGAS FORA DO PROJETO
Em meados de 2009, as denúncias do Viomundo chegaram ao Canadá. “Fiquei horrorizado e escandalizado de ver tudo isso”, indigna-o o médico Colin Soskolne, professor de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Alberta. É o que sentiu a maioria dos pesquisadores, médicos e defensores da saúde pública do país. Liderados pelo respeitado cientista Tim Takaro, professor e diretor associado de pesquisa da Universidade Simon Fraser, enviaram uma carta aos médicos canadenses envolvidos no projeto “Asbesto Ambiental” e pediram para que se desligassem dele. Afinal, estavam “sujando” a imagem do Canadá, onde cidadãos e cidadãs se orgulham de ter um dos melhores índices de desenvolvimento humano e qualidade de vida do planeta.
“Preocupou-nos seriamente o fato de pesquisadores e universidades canadenses tomarem parte numa pesquisa tão manchada por graves conflitos de interesse, éticos e outras impropriedades”, condena Kathleen Ruff, uma das signatárias e consultora sênior em Direitos Humanos para o Rideau Institute on International Affairs. “É impensável que universidades canadenses quisessem ter, de alguma forma, seus nomes usados para promover os interesses do lobby do amianto no Brasil e divulgar informações que não correspondem à verdade sobre a fibra comprovadamente cancerígena.”
“A conduta do IBC e da indústria brasileira do amianto de disseminar propagandas enganosas é totalmente imoral”, acusa Kathleen. “Afirmar que todas as doenças relacionadas ao amianto foram eliminadas não é verdade. Assim como é inverídico que os produtos com amianto não oferecem qualquer risco à saúde humana”
No final de junho, esta repórter enviou email a Becklake, Camus e Müller. Dizia que dispunha de documentos que os citavam como participantes do projeto “Asbesto Ambiental” e fazia vários questionamentos, como: o que achavam da colaboração canadense ser frequentemente citada pelo lobby da indústria brasileira do amianto em publicidade a favor do uso da crisotila (ou amianto branco)? Se eles sabiam que a participação deles era usada pelos pesquisadores brasileiros em entrevistas à mídia e no meio acadêmico para dar respaldo e credibilidade à pesquisa? Se eles tinham conhecimento de que boa parte do projeto era financiada pela indústria brasileira do amianto, via IBC?
MÜLLER: ‘CHOCADO’, ‘NÃO SABIA DO IBC’, ‘CONTRA O AMIANTO’
O médico Nestor Müller, do Departamento de Radiologia da Universidade da British Columbia, respondeu prontamente. Foi o primeiro.
Eu fiquei chocado com a informação de que um projeto financiado pelo Instituto Brasileiro do Crisotila lista meu nome como um dos apoiadores internacionais.
Eu asseguro a você que eu nunca nem soube que tal instituto existia. Eu não quero, de forma alguma, ser associado com um instituto que afirma em seu website que um de seus objetivos é "defender o uso controlado do amianto crisotila”. Eu sou contra o uso do amianto, porque acredito fortemente que se constitui num risco para os trabalhadores e consumidores.
Meu envolvimento com a pesquisa sobre o amianto no Brasil tem se limitado ao papel de um consultor que interpreta radiografias do tórax e tomografias computadorizadas de alta resolução em trabalhadores expostos ao amianto. Uma boa interpretação destas imagens serve evidentemente para o melhor interesse dos trabalhadores.
O projeto que eu estive envolvido foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de São Paulo e teve o apoio e financiamento do Ministério de Minas e Energia do Brasil. Eu nunca solicitei ou recebi nenhum honorário ou recursos por minha participação neste projeto. Eu nunca recebi nenhum dinheiro da indústria do amianto do Canadá ou de seu instituto para realizar pesquisa no Canadá e nunca estive envolvido com nenhuma conferência ou outras atividades promovidas pela indústria do amianto canadense ou seu lobby, o Instituto do Crisotila.
BECKLAKE: ‘NUNCA ESTIVE ENVOLVIDA COM ESTE PROJETO’
A médica Margaret Becklake, professora da Universidade McGill, foi a segunda responder ao Viomundo. Atualmente, é responsável pela Unidade de Pesquisa Clínica e Epidemiologia de Doenças Respiratórias do Instituto do Pulmão de Montreal.
Trocamos vários emails. Sua resposta inicial foi concisa. Agradeceu por informar que seu nome estava na pesquisa “Asbesto Ambiental”. Disse que não estava envolvida no estudo. E solicitou que lhe indicasse onde havia referência ao nome dela.
Alguns dias depois veio a prova inequívoca de que realmente não está envolvida nem deu suporte à pesquisa: a mensagem para Marina Júlia de Aquino, presidente executiva IBC, com cópia aparente para a repórter.
Marina de Aquino não confirmou o recebimento nem respondeu para Margaret Backlake. Por precaução, a doutora Margaret enviou cópia da carta às instituições que tiveram acesso à informação de que ela e a sua universidade fariam parte do projeto. Pediu também a Ericson Bagatin e Mário Terra Filho, dois dos três brasileiros envolvidos na pesquisa, que o seu nome e o da McGill fossem retirados de todo e qualquer material do projeto. Afinal, disse-lhes, havia uma “informação claramente inexata e potencialmente enganosa e ela estava tentando corrigir este erro”.
‘TERRA, BAGATIN E NERY FORAM PEGOS COM AS CALÇAS NAS MÃOS’
Michel Camus, da Universidade de Montreal, não respondeu, apesar dos diversos emails que lhe foram enviados, reiterando a solicitação da entrevista. Ele também não respondeu à carta dos colegas canadenses.
Informações levantadas no Google dão pistas do provável motivo. Camus é considerado porta-voz do lobby do amianto no Canadá. Para ele, banir o amianto é “injustificado e irresponsável”; “os riscos atribuídos à crisotila, o tipo usado hoje em dia, são brutalmente exagerados.”
Em português claro: Mário Terra Filho, Ericson Bagatin e Luiz Eduardo Nery passaram a perna em Margaret Backlake e Nestor Müller. Backlake sequer participou do projeto. Müller desligou-se logo após saber a verdade.
“Os acadêmicos brasileiros traíram a confiança da professora Backlake ao usar escondido o nome dela. E com o professor Müller, não foram honestos e transparentes; mentiram para ele”, vai fundo Kathlenn Ruff. “Esconderam-lhe desde que o projeto era financiado pelo IBC até que o objetivo era legitimar a propaganda do ‘uso controlado e seguro’ do amianto. O que é uma falácia.”
“Na verdade, os doutores Mário Terra, Bagatin e Nery foram pegos pelo Viomundo com as calças na mão; com a boca na botija”, afirma a engenheira Fernanda Giannasi, coordenadora da Rede Virtual Cidadã pelo Banimento do Amianto para a América Latina. “Os canadenses eram o talismã que os pesquisadores brasileiros usavam para demonstrar prestígio e chancelar a seriedade e a ética de sua pesquisa. Como o brasileiro sofre da síndrome de vira-lata e acha que tudo que gringo faz é fantástico e correto, Terra, Bagatin e Nery nunca imaginaram que alguém fosse conferir a veracidade do apoio internacional ao projeto. Tampouco que pesquisadores canadenses fossem desmascarar seus ‘pares’”.
ESTRATAGEMA DE PESQUISA ANTERIOR. PRÁTICA RECORRENTE?
Não é a primeira vez que esses pesquisadores brasileiros recorrem a expedientes escusos para ludibriar colegas e instituições respeitadas.
De 1996 a 2000, realizaram a pesquisa “Morbidade e Mortalidade entre Trabalhadores Expostos ao Asbesto na Atividade de Mineração, no período de 1940-1996”. Nessa, Ericson Bagatin coordenou e Mário Terra Filho e Luiz Eduardo Nery participaram.
No documento anunciando os resultados do estudo, é dito que o estudo teve apoio internacional do prestigiadíssimo NIOSH, dos Estados Unidos. O NIOSH é o National Institute for Occupational Safety and Health (Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional, correspondente à nossa Fundacentro). O objetivo era legitimar seus trabalhos “científicos” de validade questionável. Só que o nome do NIOSH foi usado Indevidamente.
O médico John E. Parker, professor de Medicina Pulmonar e Cuidados Especiais, representando o NIOSH, desmentiu: O NIOSH não examinou, nem endossou ou apoiou financeiramente o projeto e o relatório deve ser corrigido, de forma a evitar impressões ou interpretações errôneas com relação ao apoio internacional do NIOSH a este projeto sobre amianto e mineração. O documento de Parker foi enviado por fax, em 2000, ao então diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), o doutor José Fernando Perez. O documento de Parker nunca foi contestado.
Pior. Foi dito inicialmente que essa pesquisa seria financiada só pela Fapesp.
“Só que mais de 50% dos recursos foram bancados pela indústria do amianto, o maior interessado em seus resultados”, relembra Fernanda Giannasi, que denunciou o fato em 2000. “Apesar do flagrante conflito de interesse, ficou tudo por isso mesmo. Tudo na maior impunidade! Resultado: Terra, Bagatin e Nery seguiram o mesmo script na pesquisa, a do Asbesto Ambiental, denunciada pelo Viomundo.”
A Fapesp não sabia do financiamento privado. Só tomou conhecimento quando a denúncia veio a público. Perez ligou para o médico Paulo Saldiva, que iria fazer os anátomo-patológicos do estudo. Porém, como estava em seu ano sabático na Universidade de Harvard, Saldiva passou a tarefa para a colega Vera Capellozi. Saldiva é professor titular de Patologia da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador da Harvard School Public Health, nos Estados Unidos.
“Eu estava em Boston e o Perez me ligou, perguntando se eu sabia que aquela pesquisa era financiada pela indústria. Eu não sabia”, relembra o médico patologista. “Imediatamente me desliguei do estudo.”
– Mas, professor Saldiva, os doutores Mário Terra, Ericson Bagatin e Luiz Eduardo Nery estão usando uma carta sua, daquela época, para se defender na sindicância do Cremesp. A denúncia, como o senhor sabe, foi feita pela Abrea. Os seus colegas alegam que o seu desligamento foi apenas por causa do ano sabático e não por conta do conflito de interesses da pesquisa. Também que esta repórter mentiu.
– A minha intenção inicial era me afastar apenas temporariamente do estudo por causa do ano sabático. Aí, quando descobri que, além do financiamento da Fapesp , tinha o privado, as coisas mudaram.
– Eles nunca contaram para o senhor que havia financiamento privado?
– Em nenhum momento. Quando voltei ao Brasil, o Ericson Bagatin me procurou para explicar o que havia acontecido. Disse-lhe que discordava da conduta do grupo e que havia conflito de interesses. Na época, sinceramente achei que havia sido uma bobeira deles. Tanto que me propus a ir à Fapesp tentar obter financiamento maior, desde que eles abrissem mão do financiamento privado. A Fapesp recusou. Aí, me desliguei em definitivo.
– Quanto à repórter ter mentido, o que senhor tem a dizer?
– Você disse a verdade. Eu me desliguei do estudo por causa do conflito de interesse.
– Terra, Bagatin e Nery repetiram no projeto Asbesto Ambiental o mesmo esquema. O senhor acha que é também bobeira, como supôs em relação à primeira pesquisa?
– Não. Reincidir no mesmo equívoco não é mais bobeira. Mesmo que a lisura da pesquisa não seja comprometida, não fica bem ter financiamento da indústria num assunto tão polêmico, com interesses gigantescos, como o do amianto. É a mesma coisa que fazer pesquisa de tabagismo financiada pela Souza Cruz. É eticamente incompatível e eu me recuso a participar disso. O amianto é cancerígeno. Eu defendo o banimento total dele no Brasil.
Pelas mesmas razões de Saldiva, Eduardo Algranti, outro renomado cientista brasileiro, se retirou da pesquisa, informando isso à Fapesp; em carta a Bagatin, pediu que seu nome fosse retirado do relatório final. Algranti é doutor em Saúde Pública, pesquisador e pneumologista da Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego.
Por falar em cartas, Terra, Bagatin e Nery também usam, em sua defesa, no Cremesp, correspondências de 2006 de universidades canadenses, para dizer que a pesquisa “Asbesto Ambiental” segue padrões éticos e, por tabela, eles são éticos.
Só que tais cartas não dizem respeito à ética. Como usá-las então para se defender numa sindicância que apura infrações à ética médica, se eles foram absolutamente antiéticos com os doutores Nestor Müller e Margaret Becklake?
Aliás, se agem assim com seus pares, o que podem esperar os trabalhadores e ex-empregados que dependem de avaliações e laudos desses médicos para saber se têm doença causada pelo amianto? Prevalece o interesse público ou de seus clientes privados, como a Sama, do grupo Eternit? Como confiar nas pesquisas deles, já que são financiadas em boa parte pela entidade que faz o lobby da indústria do amianto?
Finalmente, perguntamos ao epidemiologista Colin Soskolne, professor da Universidade de Alberta, no Canadá, se há sentido continuar fazendo pesquisas para tentar provar que a crisotila não é tão perigosa, uma vez que já está comprovado que esse tipo amianto é reconhecidamente cancerígeno para os seres humanos e provoca outros tantos danos irreparáveis à saúde.
“Do ponto de vista de saúde e de políticas públicas, fazer mais pesquisas para demonstrar os riscos associados à exposição à crisotila é desperdício de recursos”, foi enfático Soskolne. “Não há nenhuma razão para se acreditar que os pulmões das pessoas dos países em desenvolvimento seriam mais ou menos resistentes aos efeitos da crisotila do que os pulmões dos indivíduos dos países desenvolvidos ou industrializados. Portanto, todo tipo de amianto, inclusive a crisotila, tem de ser banido.”
FONTE: Vi o Mundo
Postado por olhonasempresas às 17:33 0 comentários
Marcadores: Amianto, Eternit, Fraude, IBC, Saúde Humana